Casa Mundo News #13
Leitura em Crise, Solteirice em Alta, A trend do "Sarro" e o Debate Sobre o Trabalho no Brasil
Quando foi a última vez que você leu um livro?
Entre o swipe pra cima e o "pula anúncio," parece que ler virou um esporte radical. Enquanto 84% dos brasileiros passaram 2023 sem nem tocar em um livro, a nova "biblioteca" virou a sequência infinita de vídeos curtos e threads no Twitter. Afinal, por que ler devagar, refletir e aprofundar, se o ChatGPT pode mastigar qualquer ideia pra gente em segundos?
Enquanto isso, entre uma rave e outra, a música eletrônica no Brasil anda tendo suas próprias transformações de identidade. Nas periferias, festas de aparelhagem e funk eletrônico dominam há tempos — e não é de hoje que batidas e danças como o "sarro" viralizam. Mas tem mais: a solteirice feminina também ganhou um novo status de empoderamento pop, enquanto o debate sobre a jornada de trabalho 6x1 divide opiniões no Brasil.
A Crise da Leitura na Era dos Vídeos Curtos e da IA
Como o consumo rápido de informações desafia o hábito da leitura e a profundidade do aprendizado.
Com a consolidação do hábito de consumo de vídeos curtos nas redes sociais, o hábito de leitura está em crise. Pesquisa da Câmara Brasileira do Livro revelou que 84% dos brasileiros acima de 18 anos não compraram nenhum livro em 2023. Apesar de 92,5% das residências no Brasil terem acesso à internet, a leitura está cada vez mais substituída pelo consumo rápido de conteúdos. Ferramentas como ChatGPT estão sendo usadas para auxiliar nos estudos, mas também geram discussões sobre a profundidade do aprendizado.
Segundo um levantamento do site Metrópoles, professores veem nas IA’s uma nova ferramenta, mas apontam que o uso constante pode tornar mais difícil o desenvolvimento crítico e analítico. Hoje, 7 em cada 10 universitários já utilizam IA, com muitos acreditando que, no futuro, essas ferramentas podem até substituir parcialmente o papel dos professores.
Música Eletrônica para Além das Raves e Clubs
Da periferia ao mainstream: a contribuição popular para a cena eletrônica brasileira - Aparelhagem Paraense, Funk e o ˜Sarro˜
A música eletrônica no Brasil, muitas vezes associada a raves e clubes elitizados, tem na verdade raízes profundas nas classes populares e regiões além do eixo Rio-São Paulo. O jornalista e pesquisador musical GG Albuquerque, por meio do perfil @ovolumemorto, destaca que as festas de aparelhagem em Belém do Pará foram pioneiras na difusão da house music e seus derivados no país.
Conforme o antropólogo Fernando Vianna em "Música do Brasil", "as festas paraenses foram, muito antes dos clubs paulistanos, os locais onde a dance music eletrônica primeiro seduziu os dançarinos brasileiros". Essa influência é evidente também no funk brasileiro. O DJ Zegon, do duo Tropkillaz, afirmou: "Está mais do que na hora de aceitar que funk é música eletrônica, brasileira, popular e original".
Movimentos atuais como o sarro, ou "dancinha de rave", com origem nas periferias de São Paulo e popularizados no TikTok, reforçam como as classes populares continuam a moldar tendências musicais e comportamentais.
Solteirice como Movimento e Independência Feminina
Celebrando a liberdade feminina em tempos de autocuidado e novas prioridades.
um movimento de celebração da solteirice tem ganhado destaque entre as mulheres, refletindo uma mudança na forma como encaram relacionamentos e independência emocional. Um exemplo é o lançamento do clipe "Soltera" por Shakira, marcando um novo capítulo em sua vida após o divórcio com Gerard Piqué. No vídeo, Shakira celebra a solteirice ao lado de artistas como Anitta, Lele Pons, Danna Paola, Natti Natasha e Winnie Harlow, mostrando o grupo se divertindo em um universo exclusivamente feminino.
Nas redes sociais, a tendência "POV: Homens 2024" expõe conversas e comportamentos problemáticos de alguns homens, servindo como um alerta e encorajando o amor-próprio entre as mulheres. Outro movimento que tem ganhado força nas redes é o "Boy Sober", que propõe uma abstinência temporária de relacionamentos com homens. Cansadas de aplicativos de namoro e experiências negativas, mulheres como a influenciadora norte-americana Hope Woodard decidiram dar um tempo de paqueras e relacionamentos, focando em si mesmas e em outras áreas da vida.
A psicóloga Carolina Ciasca questiona se a abstinência total é a solução, "Será que não existe um lugar de equilíbrio envolvendo homens e mulheres na construção de uma sociedade com mais responsabilidade afetiva?".
Escala 6x1 em Debate – Trabalho ou Sobrevivência?
Propostas por uma jornada de trabalho mais humana dividem opinião no Brasil.
A escala 6x1 — seis dias de trabalho seguidos por um de descanso —, comum em muitos setores, está no centro de debates sobre o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. O movimento "Vida Além do Trabalho", liderado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), propõe a substituição do modelo atual por uma escala 4x3, oferecendo mais tempo livre aos trabalhadores. A campanha já reuniu mais de um milhão de assinaturas, refletindo a preocupação com o aumento de casos de burnout e esgotamento no país.
No Congresso, a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) apresentou uma PEC para reduzir a jornada semanal para 36 horas, eliminando o 6x1 sem cortar salários. "É uma questão de dignidade humana," declarou Hilton. No entanto, o setor empresarial teme que a mudança gere custos, levando a demissões ou aumento de preços.
Para muitos, o modelo 6x1 é um ciclo de desgaste, sem tempo adequado de recuperação e com um crescente sentimento de alienação. O movimento e a proposta legislativa buscam redefinir até onde o trabalho define a vida dos brasileiros e qual o limite do que se espera de cada trabalhador.
A Casa Mundo é uma casa de pesquisa com mais de 25 anos de experiência ajudando marcas a tomar decisões embasadas através da pesquisa qualitativa.
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