Ô abre alas que eu quero passar!
O Carnaval está batendo na porta e, na nossa avenida, desfilam quatro enredos: a aposta dos streamings em novos formatos, o calor extremo que pesa mais do que um meme, a série “Ruptura” que escancara a (des)conexão entre vida pessoal e trabalho e, claro, a indústria musical que esquenta ainda mais a folia com os seus hits. Entre o caos e a criatividade, seguimos por aqui enquanto o presente ferve — literalmente. E aí, pronto pra encarar o abre-alas de 2025? Afinal, o ano só começa mesmo depois do carnaval.
TUN-DUN!
Netflix quer dar o play nos podcasts em video
Se a Netflix revolucionou o streaming de séries e filmes, agora ela mira um formato que cresceu 58% em 2024 e acumulou 2,9 bilhões de minutos assistidos: os podcasts em vídeo. Segundo dados da Edison Research, 89% da Geração Z consome videocasts, tornando-os um fenômeno cultural — e um modelo bem mais barato de produzir do que séries de alto nível. A plataforma aposta em creators com fã-clubes fiéis que podem virar assinantes, e, com isso, aumentar o tempo de tela (afinal, um videocast pode durar horas).
Enquanto YouTube e Spotify já nadam de braçada nesse mar, a Netflix percebeu que videocasts não são só papo de “sofa”. Eles se tornaram experiências multimídia, com talk shows de apresentadores-popstars e comunidades fervorosas. É mais do que mero áudio: é cultura pop em vídeo, impulsionada por trechos virais nas redes. Se a gigante do streaming conseguir abraçar esse novo “TUN-DUN” semanal — e não apenas maratonas pontuais — pode criar um ecossistema que misture celebridades, influenciadores e até anunciar (quem diria?) propagandas. No fim, tudo se resume a reter assinantes e conquistar novos públicos, inclusive no Brasil, que concentra 21,6% da audiência global de podcasts em vídeo e se destaca em temas como humor, futebol, celebridades e religião.
Fábrica de Hits
Do pagodão ao trap, como a música chega no topo
Às vésperas do Carnaval, o Brasil ferve com apostas de hits como “Energia de Gostosa” (Ivete Sangalo), “Surra de Toma” (Léo Santana), “Sei que Tu me Odeia” (Anitta) e “Resenha do Arrocha” (J. Eskine), que estourou em todas as redes e no spotify. Lançada em dezembro, passa de 62 milhões de plays na plataforma. Sem grande gravadora ou investimento, o pagodão romântico viralizou em Tiktok e blocos de rua, mostrando que o público abraça novidades.
No fim do dia, todos competem pelo “título” de música mais tocada, revelando uma verdadeira indústria do hit, em que parcerias certeiras, refrões chiclete e memes impulsionam milhões de streams. Mas esse fenômeno não se limita ao axé ou ao pagodão: no Rio, o trap também mostra como polêmicas podem alavancar faixas e álbuns, vide o caso do rapper Oruam, preso um dia antes de lançar seu álbum “Liberdade”, e que viu o burburinho render engajamento recorde. No campo do axé e do funk, a internet vira arena de coreografias, challenges e disputas de quem agarra o “hit do momento”. E assim, a cada ano, a música que embala a folia (ou a treta) sai do streaming para as ruas, confirmando que nessa era, um refrão viral e uma polêmica são as receitas pra ocupar o número um.
Ruptura
Será que dá pra separar quem somos do que fazemos?
Na série “Ruptura” (Apple TV+), funcionários de uma empresa passam por um procedimento cirúrgico que separa completamente as memórias profissionais das pessoais. Para cada pessoa, surge um “eu do trabalho” (innie) e um “eu de fora do trabalho” (outie), que não se conhecem. Embora pareça ficção distópica, a discussão é super real: quantas vezes não nos forçam a “desligar” os sentimentos na porta do escritório, fingindo que trabalho não se mistura com vida pessoal? Segundo reportagem da Forbes, esse dilema reflete o debate sobre saúde mental, propósito e autonomia em tempos de hiperconexão.
Nos perfis @carvalhando e @ajessicaleao, a série é vista como uma crítica ao modelo que exige produtividade extrema, anulando desejos e paixões. Afinal, quem disse que trabalho e vida pessoal têm de ser opostos radicais? Especialistas reforçam a importância do autoconhecimento e de limites saudáveis. Na vida real, não dá para implantar um chip e esquecer as contas e o tédio do expediente, mas é fundamental evitar o “burnout camuflado” — quando somos reduzidos apenas à função de “entregador de resultados”. Ruptura provoca: até onde aceitamos nos desligar de quem somos, em nome de um crachá?
É MEME OU EMERGÊNCIA?
O calor extremo no brasil não tem graça
O calor que atinge recordes de 44°C no Rio de Janeiro — com sensação térmica até 70°C, está muito além de “mais um verão quente”. Enquanto alguns portais mostram praias lotadas pra ilustrar as altas temperaturas e o prefeito Eduardo Paes brinca que o “Pão de Açúcar entrou em erupção”, as redes se dividem entre memes e indignação. Perfis como @movimentos_ lembram que essa “sauna carioca” não é igual para quem depende de ônibus lotado ou mora em casa sem ventilação.
E a deputada @danimonteiropsol denuncia o “racismo ambiental” em favelas, onde ilhas de calor são ainda piores. A revista Trip trouxe a visão de quem está em sala de aula e revelou que a falta de climatização em escolas públicas fez algumas cidades encurtarem aulas. Já a historiadora @carolladorza aponta que dicas de estilo pra passar pelos dias quentes, como “use linho, vá de biquíni” são inviáveis a muitos. O perfil @traduagindo cita Ailton Krenak dizendo que, se nada mudar, “vamos derreter feito lesma na calçada”. Entre memes e tensão, o que se vê é um cenário que escancara desigualdades e exige mais do que humor para enfrentar a crise climática que, cada vez mais, “frita” o Brasil.
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muito bom